Silêncio.
Os sons que captamos na rotina maçante das grandes cidades em geral são compreendidos pelo nosso cérebro como estressores e hiperestimulantes, impedindo que tenhamos pleno descanso e relaxamento frente à nossa rotina.
Enquanto os sons são ondas que vibram em nossos tímpanos e demandam interpretações conscientes ou inconscientes do nosso cérebro, o silêncio, apesar de raro, é um estado de serenidade que nos propicia um desafiador encontro apenas com nossos pensamentos ou o exercício de esvaziar-se deles.
As informações que nos são apesentadas todos os dias, apesar de passarem por um filtro de importância, nos exigem energia mental para captar o que nos é apresentado, organizar dentro de categorias, reter o que nos parece importante e descartar o que não tem uso para abrir espaço para novas informações. Contudo, você já pensou em quantas propagandas nos deparamos no dia-a-dia ou quantas informações retemos sem uma real importância em nossas vidas? A energia mental que é gasta em todos esses processos nos sobrecarregam as vezes sem se quer nos darmos conta, nos impedindo de um descanso mais proveitoso e arejamento necessário para que tenhamos espaço para atividades e informações com as quais realmente nos sintamos vinculados.
Para isso, alguns desafios nos são propostos:
1) Silenciar o ambiente em que vivemos
Desvencilhar de estimulos dispensáveis – propagandas, notícias, notificações de mensagens
Eliminar excessos é a orientação deste primeiro desafio. Quando organizamos e priorizamos o que iremos ler, assistir, ouvir e fazer, temos uma participação ativa e autônoma em nosso bem-estar, desvencilhando-nos de acúmulos que ocupam espaços físicos e mentais de maneira desnecessária e até prejudicial. Observemos que não adianta abrir espaço em nossa rotina para preenche-lo com atividades igualmente exaustivas e hiperestimulantes. Sobre isso, pensemos sobre o uso que fazemos de nosso celular. Seria ele um exemplo disso?
A simplicidade em nossas vidas também é um proposito desafiador e promissor: desafiador porque exige que nos desapeguemos de tomar decisões sobre situações supérfluas e promissor porque permite a canalização da nossa energia para o que reconhecemos ser necessário e importante.
Buscar o contato com a natureza, o esporte ou a arte, também são formas de nos concentrarmos em uma tarefa específica que nos traz bem-estar.
2) Exercitar o silêncio interior
Cultivar o silêncio nos possibilita criar um espaço interior de calma e sobriedade.
Aprender a cultivar os silêncios já postos no nosso cotidiano nos convida a notar e admirar onde o silêncio se manifesta. Pode ser num momento em que o rádio para de tocar, ou num passeio.
Observar os ruídos que provocamos para preencher espaços e não deixar que o silêncio apareça acionando angústias.
Entender que a respiração é um compasso marcado nos possibilita direcionar nossa concentração para essa experiência do aqui-agora, sentir seu efeito em nosso corpo, celebrar sua importância para nossa vitalidade.
Sentar em silencio por alguns minutos buscando canalizar nossa atenção para a respiração é uma forma de meditar.
Essa meditação também pode acontecer ao caminhar.
Tentemos localizar quais são esses barulhos bons e ruins, exercitando o silêncio e compreendendo seus efeitos em nossa vida nos habilita a nos blindar desses ruídos incômodos abrindo espaço e atenção ao que é bom, como o barulho da chuva.
Livrarmos-nos de nossas distrações nos permite ter um encontro honesto e frente a frente com o silêncio e o que ele nos representa.
Saber distanciar-se dos ruídos do mundo em que estamos inseridos nos possibilita treinar o filtro e permitir que sejamos acessados por sons bons.
Experimentar o silencio em alguns momentos do dia nos permite ter mais qualidade de vida e que nos sintamos menos hiperestimulados.
3) Cultivar relações pacificas
Nem sempre o silêncio é entendido como positivo quando nos sentimos abafados ou necessitados de expor nossas frustrações através de barulhos, gritos, etc. Mas uma pausa momentânea antes de responder já oferece capacidade de refletir sobre o conteúdo a ser falado. É impedir que sentimentos ruins ditem como e o que é dito. O silêncio nos permite refletir sobre como e sobre o que estabeleceremos esse contato.
Escutar nos possibilita aprender, observar outros pontos de vista e oferece ao outro a sensação de ser valorizado e confiante.
O minuto de silêncio frente a determinadas situações convocam toda uma assembleia a unir-se nessa tarefa que é acessível, flexível e adaptável a todos para promover reflexões, homenagens.
#PraCegoVer: No vídeo fala um homem branco, de cabelo curto, vestindo uma camisa polo branca, bermuda clara e sentado no sofá.
Song Bubuia, by Céu from album Vagarosa. License by Ceative Commons.
Comments