Luto
- Walter Miez
- há 7 horas
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Diante do luto, coexistem em nós dois estados absolutos, aparentemente contraditórios, mas que se entrelaçam: a ausência e a continuidade. A falta de quem ou do que se perdeu é um vazio que se instala com força, um eco constante de uma presença que já não ocupa espaço, mas que insiste em habitar a memória. Por outro lado, há uma exigência vital que nos empurra adiante: a vida precisa seguir. Não por frieza ou esquecimento, mas porque o tempo, indiferente ao nosso sentir, continua seu curso, e algo dentro de nós compreende que permanecer é também uma forma de honrar o que se foi.
Esses dois estados, a falta e a continuidade, não se anulam. Pelo contrário, se complementam. A dor da perda nos lembra da importância do que foi vivido, e o impulso de seguir revela nossa capacidade de transformação. Luto não é apenas ausência: é também presença viva daquilo que nos marcou. E seguir em frente não é deixar para trás, mas carregar consigo, de outra forma.
Assim, o luto nos ensina a conviver com paradoxos. Somos, ao mesmo tempo, saudade e esperança. Aprendemos, assim, que viver com a ausência é uma forma de reconstruir presença.
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