Pressa
- Walter Miez
- 22 de mar.
- 2 min de leitura

A pressa é mais do que um simples estado de aceleração; ela tem raízes profundas em esquemas de sobrevivência. Em contextos de escassez, onde recursos são limitados e oportunidades parecem raras, sentir urgência para agir pode ser um reflexo natural da necessidade de garantir o essencial. Em contexto de sobrecarrega, onde a produtividade é exaltada e o descanso é visto quase como um luxo, a pressa se torna um hábito, uma resposta automática à demanda constante de "dar conta de tudo".
Além disso, a pressa também pode estar ligada à ganância. Quando a lógica é a de sempre querer mais – mais lucro, mais sucesso, mais conquistas – o tempo se torna um recurso a ser explorado ao máximo, sem pausas para reflexão ou descanso. Nesses cenários, a velocidade não é apenas uma estratégia, mas uma necessidade imposta por um modelo que valoriza o imediato e desvaloriza o processo.
No entanto, viver constantemente apressado pode nos afastar daquilo que realmente importa. Quando tudo precisa ser feito rápido, perdemos a profundidade das experiências, atropelamos os detalhes e diminuímos nossa capacidade de presença no momento. A pressa pode ser útil em certas circunstâncias, mas, quando se torna um estilo de vida, pode nos levar à exaustão e à insatisfação permanente.
Talvez a verdadeira questão não seja apenas a velocidade com que fazemos as coisas, mas sim o motivo pelo qual estamos sempre correndo. Se a pressa surge da necessidade, do excesso de responsabilidades ou do desejo desenfreado de mais, talvez seja hora de repensar o ritmo. Afinal, o tempo não é apenas um recurso a ser explorado, mas também um espaço para viver com mais consciência e significado.
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