Queixa e demanda
- Walter Miez
- há 2 dias
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Na psicoterapia, é comum que as pessoas cheguem com uma queixa, mas, ao longo do processo, descubram qual é a demanda real do trabalho terapêutico. Embora esses termos possam parecer semelhantes, eles representam aspectos distintos dentro do tratamento.
A queixa é aquilo que o paciente traz como um incômodo inicial, aquilo que motiva a busca por terapia. Pode ser um sintoma (ansiedade, tristeza, insônia, crises de pânico), um conflito interpessoal (problemas no trabalho, dificuldades familiares, término de relacionamento) ou uma sensação difusa de mal-estar. A queixa é a porta de entrada para o processo terapêutico, mas nem sempre reflete a raiz da questão.
Já a demanda é aquilo que, de fato, precisa ser trabalhado para que o paciente encontre mudanças significativas. Muitas vezes, a demanda está mais profunda do que a queixa inicial e envolve questões estruturais, como padrões emocionais, traumas passados, crenças internalizadas ou dificuldades na construção da própria identidade.
Por exemplo, alguém pode chegar à terapia com a queixa de “não conseguir manter um relacionamento” e, com o tempo, perceber que sua demanda real envolve insegurança, medo do abandono ou dificuldades em estabelecer vínculos saudáveis. Outro pode buscar ajuda por estresse no trabalho e descobrir que, na verdade, precisa aprender a impor limites e lidar com a autocobrança excessiva.
O trabalho do terapeuta não é apenas escutar a queixa, mas ajudar o paciente a transformá-la em uma demanda realista e trabalhável, guiando o processo de autoconhecimento e mudança. Esse percurso pode ser desafiador, pois exige aprofundamento e reflexão, mas é essencial para que a terapia vá além de uma questão momentânea e promova transformações duradouras.
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