Reciprocidade
- Walter Miez
- há 3 dias
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Nem toda relação exige reciprocidade. Essa é uma verdade desconfortável para alguns e libertadora para outros. Em nossas conexões, existem vínculos profundamente autênticos e outros mais protocolares, e está tudo bem. O importante é estarmos conscientes do lugar que ocupamos nessas relações e do lugar que damos ao outro. Essa consciência é o que nos protege de viver o desdém ou a desonra, pois nos ajuda a escolher o que aceitamos, o que oferecemos e até onde vamos.
Há pessoas que oferecem sem esperar nada em troca: fazem convites, dão presentes, compartilham afetos, e sentem-se completas apenas por poder dar. Para elas, o gesto em si é o elo. Outras, no entanto, precisam da paridade como sinal de cuidado, precisam sentir que o afeto é espelhado, que há retorno, que o que vai também vem. E essa necessidade não é sinal de carência, mas de como cada um entende o cuidado mútuo e a validação das relações que constrói.
O problema surge quando projetamos a nossa forma de viver vínculos sobre os outros sem clareza. Esperar que todos amem, cuidem e demonstrem da mesma forma que a gente pode nos levar à frustração. Assim como oferecer o que o outro não pediu pode se transformar em cobrança disfarçada de generosidade.
Viver relações com consciência é entender que não há um modelo único. É poder escolher onde queremos investir energia, afeto e tempo, sabendo que reciprocidade não é sempre espelho, mas pode ser respeito, liberdade e presença. Cuidado também é saber quando se doar e quando se recolher.
Essas são provocações importantes para que saibamos que relações queremos ter e que lugar de priorização daremos a cada relação estabelecida.
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