Relações meia-boca
- Walter Miez
- 16 de mar.
- 2 min de leitura
O pior do relacionamento meia-boca não é acabar – é que ele não acaba. Esse tipo de relação sobrevive no limbo, onde nenhum dos dois está realmente feliz, mas também não tem coragem de encerrar. Fica cômodo manter o que existe, mesmo que seja morno, porque a alternativa – a temida incerteza do "lá fora" – parece assustadora demais.
As pessoas, muitas vezes, se agarram ao conhecido por medo de enfrentar o desconhecido. É a síndrome do “melhor isso do que nada”. A ideia de que talvez não exista alguém mais agradável, mais compatível ou simplesmente disposto a investir numa relação pode ser sufocante. Com isso, o relacionamento vira uma espécie de zona de conforto disfarçada de parceria.
O problema é que, enquanto a relação segue nesse estado de apatia emocional, o desgaste acontece de forma silenciosa. Pequenos atritos que não eram um problema antes tornam-se insuportáveis. A falta de entusiasmo em estar junto mina a energia que deveria ser usada para construir momentos felizes. E, assim, os dois acabam presos numa dança monótona, sem ritmo, mas com passos previsíveis.
Romper não é fácil, especialmente quando o medo de ficar só grita mais alto do que a vontade de encontrar algo melhor. Mas é importante lembrar que a felicidade plena não vem da acomodação. Relacionamentos genuínos exigem coragem – coragem para permanecer e investir quando vale a pena e, principalmente, coragem para partir quando não vale mais.
Persistir em algo que não traz realização não é prudência, é desperdício - de tempo, de energia, de potencial para viver algo verdadeiro. O “lá fora” pode ser desafiador, mas também é onde mora a possibilidade de recomeços. E, às vezes, abrir mão do morno é o único caminho para encontrar o calor de um afeto real.
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