Comparação e consumo
- Walter Miez
- há 2 dias
- 1 min de leitura

Somos movidos pela libido — essa força vital que nos impele ao movimento, ao querer, à criação. Mas a libido não opera sozinha: ela é alimentada pelo desejo, e o desejo é voraz. Ele nos move na direção do que ainda não somos, do que ainda não temos. Desejamos ser mais, ter mais, viver mais. E isso, por si só, não é um problema. O desejo é potência. Mas, em uma cultura que nos ensina desde cedo a comparar, hierarquizar e competir, o desejo acaba capturado por lógicas de acúmulo, de status, de superioridade.
Vivemos imersos em um sistema que transforma o desejo em disputa, que nos faz olhar para o outro não como um diferente, mas como um concorrente. Nessa lógica, o que é “melhor” ganha valor, enquanto o “pior” é descartado. E assim seguimos, acreditando que valemos mais se tivermos mais, se parecermos mais, se vencermos mais. O desejo deixa de ser impulso criador e se torna força de comparação constante.
Mas e se comparássemos de outra forma? E se, ao invés de medir quem tem mais ou é melhor, comparássemos para reconhecer o que há de único e igualmente valioso nas diferenças? A equivalência não exige igualdade nem uniformidade, apenas o reconhecimento de que o outro pode ser diferente sem ser inferior. Comparar, então, poderia ser um exercício de abertura, de convivência.
Comentarios