Desejo de permanência
- Walter Miez
- há 5 horas
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Para manter a qualidade das relações é fundamental entender nosso desejo de permanência. Estar com alguém deve ser uma escolha consciente, e não um resultado de manipulação ou medo. Quando o outro cria situações para nos prender à relação – seja por culpa, chantagem emocional ou promessas vazias – ele nos priva da autonomia de decidir se queremos, de fato, estar ali. Permanecer não pode ser um ato de coerção, mas sim um compromisso genuíno.
Muitas vezes, sinalizamos nossos limites, mas delegamos ao outro a decisão de respeitá-los ou não. Dizemos o que nos machuca, o que não aceitamos, mas deixamos que o parceiro assuma a responsabilidade de sustentar ou romper a relação com base nisso. Isso pode parecer justo, mas, na prática, é um modo de transferir a responsabilidade da escolha. Quando colocamos nossa continuidade nas mãos do outro, abrimos espaço para negociações que muitas vezes nos desfavorecem.
Toda relação exige flexibilidade e disposição para ceder, mas isso não significa abrir mão de si mesmo. Saber quando ser maleável e quando ser firme é um equilíbrio delicado. Precisamos da coragem de estabelecer nossos limites de forma clara e a determinação de sustentá-los, independentemente da resposta do outro.
O respeito dentro de uma relação não está apenas em esperar que o outro nos compreenda, mas em nos comprometermos com aquilo que somos e queremos. Se o outro for capaz de bancar isso, há espaço para seguir juntos. Se não for, é necessário reconhecer que nenhuma relação deve ser mantida à custa da nossa própria integridade.
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