Marcha pela cidadania
- Walter Miez
- há 6 horas
- 2 min de leitura

Em 25 de junho de 1995, a Praia de Copacabana tornou-se palco de um marco histórico: a primeira parada LGBTQIAPN+ do Brasil, chamada “Marcha pela Cidadania”. O evento foi organizado logo após a 17ª Conferência da ILGA (Associação Internacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Trans e Intersexo) e reuniu cerca de 3000 pessoas, incluindo os 1500 participantes estrangeiros da convenção.
A adesão foi limitada principalmente pelo medo e pelo estigma: muitos não se sentiam à vontade de se expor em público, tinham receio de serem fotografados ou filmados. Entre os momentos mais marcantes do evento, destaca-se a chegada da trans Kassandra Taylor, de 58 anos, em um ônibus rosa apelidado de Priscilla, em referência ao filme “Priscilla – A Rainha do Deserto” (1994). A curiosidade foi tanta que o veículo atraiu multidões curiosas na orla, funcionando quase como um carro alegórico improvisado.
Participantes ostentaram uma bandeira de 124 metros com as cores do arco-íris ao lado um pequeno carro de som; uma estrutura modesta, mas poderosa simbolicamente. Apesar de enfrentarem gritos homofóbicos da plateia e até ameaças de grupos conservadores, a marcha transcorreu sem incidentes graves. Havia ainda presenças emblemáticas vindas de São Paulo, a exemplo da drag Salete Campari, reforçando o caráter político da mobilização.
Esse evento pioneiro, quase despercebido em seu tempo, abriu caminho para manifestações maiores que viriam depois. Dois anos mais tarde, em 1997, ocorreu a primeira Parada do Orgulho em São Paulo, reunindo cerca de 2000 pessoas. Hoje, a Parada de SP se firmou como uma das maiores celebrações do orgulho LGBTQAPN+, enquanto a histórica marcha de Copacabana deve ser lembrada como o ponto de partida dessa caminhada por direitos, visibilidade e coragem.
Comments