Ensinar brincando
- Walter Miez
- 11 de mar.
- 2 min de leitura

No início da infância, a criança ainda está desenvolvendo sua capacidade cognitiva e, por isso, tem dificuldade em compreender comandos negativos, como o “não”. Esse conceito é abstrato demais para seu entendimento, pois exige que ela processe tanto a ordem quanto a negação ao mesmo tempo. Quando dizemos “não corra”, por exemplo, a imagem que se forma em sua mente é justamente a do ato de correr, e não da interrupção desse movimento.
Por isso, é essencial aprendermos a reformular nossa comunicação com elas. Em vez de dizer “não corra”, podemos dizer “ande devagar”. Em vez de “não jogue”, podemos sugerir “coloque no chão com cuidado”. Dessa forma, a criança entende com mais clareza o que esperamos dela e se sente mais segura para agir de acordo com a orientação.
Além disso, a linguagem natural da infância não é a racionalidade adulta, mas a ludicidade. A criança aprende, experimenta e se comunica por meio do brincar. Para estabelecer um vínculo e uma comunicação eficaz, precisamos entrar nesse universo e falar a língua dela, e não esperar que ela compreenda a nossa lógica madura.
Transformar orientações em brincadeiras, usar gestos, expressões e histórias facilita essa conexão. Um simples pedido pode virar um jogo, uma narrativa ou uma música, tornando a interação mais prazerosa e compreensível para a criança.
Quando nos dispomos a brincar junto, não apenas nos tornamos mais compreensíveis, mas também fortalecemos os laços afetivos e damos à criança um espaço seguro para se expressar e crescer. Afinal, a infância não é apenas uma fase de adaptação ao mundo adulto, mas um tempo de descobertas que merece ser vivido na linguagem que lhe é própria: o brincar.
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