Impermanências

Às vezes, buscamos escapar do tédio lançando nossa esperança em algo ou alguém que nos preencha, ocupe e entretenha. Um projeto, um relacionamento, uma nova aventura – todos esses elementos trazem um sentido à existência, um porto onde podemos nos ancorar. Porém, quando essa fase chega ao fim, vivemos um luto, sentindo-nos à deriva, como se tivéssemos sido lançados a um “não lugar”, um vazio que nos confronta com a fragilidade do nosso próprio ser.

Parece natural, como humanos, desejarmos algo que dê significado ou propósito permanente à vida. Almejamos constância, segurança, algo sólido que nos proteja do fluxo imprevisível da existência. No entanto, a vida é exatamente o oposto disso: é movimento, mudança e impermanência. E é justamente essa fluidez que torna a vida interessante. Cada novo começo traz a emoção da descoberta, mas também o receio da perda e a insegurança de viver sem certezas.

A impermanência não é um fardo, mas um convite. Ela nos desafia a abraçar o desconhecido, a encontrar beleza na transitoriedade e a compreender que a estabilidade absoluta não existe. Precisamos aprender a soltar a corda que nos prende e confiar no curso do rio, mesmo sem saber aonde ele nos levará. A única certeza que temos é a necessidade de conviver com as mudanças – tanto em nós mesmos quanto no mundo ao nosso redor.

No fim, talvez o propósito não esteja em encontrar algo fixo, mas em viver plenamente o movimento. É na impermanência que reside a verdadeira essência da vida: a oportunidade de renascer a cada instante, de se adaptar e de descobrir novas formas de ser. É ali que está a mágica, o aprendizado e, acima de tudo, o sentido que tanto buscamos.

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