Insegurança alimentar
- Walter Miez
- 16 de mar.
- 2 min de leitura

A fome e a insegurança alimentar são questões mais presentes na sociedade brasileira do que muitos imaginam, afetando não apenas aqueles em situação de extrema pobreza, mas também indivíduos que, apesar de não estarem nessa categoria, enfrentam desafios significativos relacionados ao acesso e consumo de alimentos. Essa realidade pode levar a comportamentos como a relutância em descartar alimentos aparentemente estragados ou fora do prazo de validade, e a menor seletividade na alimentação, mesmo diante de sabores, cheiros ou texturas desagradáveis.
Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que, em 2023, 27,6% dos domicílios brasileiros enfrentavam algum grau de insegurança alimentar, sendo que 4,1% estavam em situação de insegurança alimentar grave, o que equivale a aproximadamente 3,2 milhões de residências. Nessas famílias, a escassez de alimentos afetou tanto adultos quanto crianças e adolescentes, caracterizando um cenário preocupante de privação alimentar.
Embora tenha havido uma redução na insegurança alimentar severa no Brasil, que caiu 85% em 2023, passando de 17,2 milhões de pessoas em 2022 para 2,5 milhões em 2023, conforme relatório das Nações Unidas, a fome ainda persiste como um desafio significativo. Essa situação evidencia que, mesmo com avanços, milhões de brasileiros continuam enfrentando dificuldades para acessar alimentos de qualidade e em quantidade suficiente.
A insegurança alimentar não se restringe às áreas rurais ou às periferias urbanas; ela permeia diversos estratos sociais. Indivíduos que não se enquadram na extrema pobreza podem adotar comportamentos de conservação excessiva de alimentos, consumindo itens além do prazo de validade ou com qualidade sensorial comprometida, devido ao medo de desperdício e à incerteza sobre a reposição desses alimentos. Essas práticas refletem uma adaptação às circunstâncias adversas e ressaltam a necessidade de políticas públicas que garantam a segurança alimentar para toda a população.
É crucial reconhecer que a fome e a insegurança alimentar são problemas complexos que exigem esforços contínuos e integrados de governos, sociedade civil e organizações internacionais para assegurar que todos os cidadãos tenham acesso a uma alimentação digna e saudável.
Comments