Quais as consequências da anulação?
- Walter Miez
- 8 de abr.
- 2 min de leitura

Por vezes, acreditamos que a melhor forma de manter alguém ao nosso lado é agradando-o em todos os aspectos. Na tentativa de preservar vínculos, adotamos comportamentos que priorizam exclusivamente os desejos, vontades e expectativas do outro — enquanto silenciamos os nossos. Com isso, vamos aos poucos nos afastando de quem somos, convencidos de que esse sacrifício é uma prova de cuidado e comprometimento com a relação.
No entanto, quando o amor pelo outro passa a custar a própria anulação, estamos diante de um movimento perigoso. Ao ignorarmos o que sentimos, desejamos e precisamos, deixamos de nos posicionar no mundo com autenticidade. E essa ausência de si, ainda que disfarçada de “dedicação”, gera consequências profundas: frustração, ressentimento, esgotamento emocional e, muitas vezes, a perda da autoestima.
Além disso, ao nos moldarmos constantemente para agradar, alimentamos uma dúvida inquietante: será que o outro está conosco por quem realmente somos ou pelo esforço que fazemos para sermos agradáveis? Essa pergunta, muitas vezes silenciosa, mina a segurança e a espontaneidade da relação, transformando o vínculo em algo frágil e baseado em performances, não em afeto genuíno.
A Psicologia nos convida a olhar com mais cuidado para esses mecanismos. Através do autoconhecimento, somos capazes de compreender os limites entre o cuidado com o outro e o cuidado consigo. Aprendemos que amar verdadeiramente exige presença, escuta e entrega — mas não anulação. Só é possível sustentar relações saudáveis quando há espaço para que ambos existam plenamente, com suas singularidades e imperfeições.
Antes de buscarmos ser tudo para o outro, é fundamental sermos inteiros para nós mesmos. Afinal, só se ama o outro com liberdade quando já se aprendeu a amar a si com verdade.
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