Apropriação das lições
- Walter Miez
- 26 de mar.
- 1 min de leitura

Muitas vezes, ao compartilhar uma ideia ou um ensinamento, sentimos a necessidade de validar sua importância mencionando sua fonte—seja um livro renomado, um filósofo respeitado ou um mestre admirado. Essa prática nos dá segurança, pois reforça que aquilo que dizemos tem um respaldo reconhecido. No entanto, há momentos em que absorvemos um conhecimento de forma tão profunda que ele se mistura com nossas próprias vivências, tornando-se algo novo dentro de nós.
Quando lemos um livro ou ouvimos um ensinamento, esse conhecimento não permanece inalterado. Ele atravessa nossa mente, interage com nossas experiências e se transforma. Assim, quando o compartilhamos, não estamos apenas repetindo algo que aprendemos, mas sim transmitindo uma versão expandida, enriquecida por nossa percepção única do mundo.
Isso ocorre porque a verdadeira aprendizagem não é apenas uma aquisição de informações externas. Aquilo que faz sentido para nós, que nos toca de alguma forma, não é simplesmente armazenado—ele se integra ao nosso modo de pensar e passa a fazer parte de quem somos.
Dessa forma, quando compartilhamos um ensinamento sem lembrar exatamente de onde veio, isso não diminui sua validade. Pelo contrário, significa que ele foi processado e ressignificado por nós. Ele já não é apenas um eco do que ouvimos ou lemos, mas um reflexo de nossa própria compreensão e trabalho mental sobre o conteúdo. Afinal, aprender de verdade não é apenas reter conhecimento, mas permitir que ele nos transforme e nos torne capazes de gerar novos entendimentos a partir dele.
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